Duas mil pessoas alertam no sábado para perigos na orla costeira (Portugal)

A rápida erosão costeira é uma das
maiores ameaças ao litoral
Foto: Nuno Ferreira Santos
 
Duas mil pessoas vão juntar-se, neste sábado, em 20 praias, numa iniciativa intitulada Maré Humana, da Associação Bandeira Azul e que pretende chamar a atenção para problemas como arribas instáveis e erosão costeira, lixo, desaparecimento de plantas e animais e perigos da exposição solar.

A iniciativa, ao abrigo do projecto internacional Hands on the Sand, vai acontecer nas praias do Cabedelo (Viana do Castelo), Matosinhos, Madalena Norte (Vila Nova de Gaia), Furadouro (Ovar), Figueira da Foz – Relógio, Nazaré, Medão – Supertubos (Peniche), Foz do Lizandro (Mafra), Grande (Sintra), Carcavelos (Cascais), São João da Caparica (Almada), Figueirinha (Setúbal), Tróia-Mar (Grândola), Cordoama (Vila do Bispo), Meia Praia (Lagos), Pescadores (Albufeira), Quarteira (Loulé), Porto Pim (Faial – Horta), Prainha (Terceira – Angra do Heroísmo) e Formosa (Madeira – Funchal).

“Fizemos uma pré-selecção das praias com condições para acolher um grande número de pessoas, ou seja, com um areal extenso e o mais plano possível, e que estivessem distribuídas pelo Continente e ilhas”, disse ao PÚBLICO Catarina Gonçalves, coordenadora nacional do Programa Bandeira Azul, da Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE). Depois, o desafio foi lançado às autarquias. “A maioria aceitou.”

Cerca de 100 alunos por praia vão, assim, dedicar a manhã, das 9h às 13h, ao litoral. O objectivo é “chamar a atenção, sensibilizar e alertar para todo um conjunto de ameaças, mas também para a importância da alteração de comportamentos nestas zonas sensíveis”, segundo a ABAE, organizadora da Maré Humana, com o apoio da Buondi.

As cerca de 2000 pessoas que irão juntar-se nas 20 praias vão ajudar a limpar o areal, fazer esculturas de animais locais na areia, participar em jogos e fazer um cordão humano. “São 52 alertas que queremos dar à população, como os riscos da exposição solar, da perda da biodiversidade, marés de crude, da erosão das dunas e da instabilidade das arribas”, disse Catarina Gonçalves.

Arribas instáveis

Nesta altura do ano, o litoral português prepara-se para a chegada de milhares de pessoas, que aproveitam o Sol e o mar. Mas não está livre de perigos. “Antigamente, a construção no litoral era um problema bastante premente. Agora, com as limitações à construção já não é tão grave. Hoje, temos outros riscos graves, especialmente a rápida erosão costeira, ameaçando muitas habitações perto da costa”, acrescentou Catarina Gonçalves. “Temos uma costa muito aberta ao [oceano] Atlântico e por isso muito sensível. As intervenções humanas no litoral, como pontões e molhes, estão a ter repercussões” a nível da erosão. Na sua opinião, “o problema mais premente actualmente é a perigosidade das arribas”. “As pessoas têm de saber onde estão as arribas mais instáveis. A atitude dos cidadãos tem de ser mais cuidadosa.”

Este é o primeiro ano que Portugal participa no Hands on the Sand. “Foi um casar de intenções”, disse Catarina Gonçalves. “A Bandeira Azul quis associar-se à iniciativa internacional e, coincidentemente, a Buondi - que já tem uma larga experiência de apoio a eventos de surf e de protecção da costa - aceitou apoiar o evento”.

O Hands on the Sand é um movimento da sociedade civil que conta com o apoio de organizações de ambiente como o Sierra Clube, a Audubon, Oceana e Amigos da Terra. Tudo começou em 2010 no estado norte-americano da Florida, num protesto que juntou 10.000 pessoas contra a exploração petrolífera offshore e a favor das energias limpas, e hoje já está em mais de 40 países.
 
Por Helena Geraldes
Fonte: http://ecosfera.publico.pt

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