Engorda com prazo de validade (Recife-PE)

Maior perda seria na orla de Jaboatão dos Guararapes. Imagem: BLENDA SOUTO MAIOR/DP/D.A PRESS
Segundo estudo técnico da Coastal Planning, até 40% da areia colocada para conter o avanço do mar pode desaparecer em 5 anos
 


Alguns trechos das praias do Recife, mesmo após recuperados, poderão perder em cinco anos até 40% da areia colocada na faixa de engorda. O número é apontado pelo estudo técnico da Coastal Planning & Engineering do Brasil, empresa contratada pelo governo do estado para elaborar o projeto de recuperação da orla marítima no Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista. A possibilidade de perda foi apresentada ontem na audiência pública sobre o projeto, cujas obras estão previstas para começar neste semestre em Jaboatão. E terminar em meados de 2014. O encontro aconteceu no Centro de Convenções, em Olinda.

Há possibilidade de perdas também em Olinda, Paulista e Jaboatão. Nesses municípios, a estimativa é de que a retirada da areia pela água seja de até 10% em cinco anos. As estimativas fundamentam-se em cálculos matemáticos. Para se chegar aos percentuais, explicou o gerente de projetos da Coastal Planning, Rodrigo Barletta, a empresa teve como referência a granulagem da areia das praias dos quatros municípios. “Dependendo da areia a ser usada, as perdas podem ser maiores ou menores”, acrescentou. Perdas maiores podem acontecer com areia mais fina do que a existente nas praias. Menores, com areia mais grossa. A jazida para engorda das praias fica na costa do Cabo de Santo Agostinho.

O sucesso do projeto depende, segundo Rodrigo Barletta, da fiscalização da execução do projeto e do monitamento contínuo. Tais ítens, segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), estão incorporados ao planejamento do projeto, orçado em R$ 336,1 milhões. Os recursos são destinados a recuperar 48,1 quilômetros de 19 praias, que ficam entre as fozes dos rios Jaboatão e Timbó. Para recuperar essa faixa litorânea, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), principal ponto das discussões da audiência pública de ontem, prevê 47 impactos nos meios físicos, bióticos e socioeconômicos.

“Estamos diante de uma discussão em que o projeto é tecnicamente consistente. O debate é mais em cima dos impactos das obras. E que, em sua maioria, são temporários”, frisou o secretário estadual de Meio Ambiente, Sérgio Xavier. Dos 47 impactos, a maior parte dos negativos serão percebidos durante as obras, como aumento do nível do ruído e redução da atividade pesqueira. Os impactos positivos, complementou, terão caráter permanente. Entre eles, o EIA aponta a valorização imobiliária do entorno das obras e o aumento de receitas para os municípíos. A recuperação da orla prevê o fracionamento de quebra-mares e maior espaçamento de espigões em Jaboatão, Olinda e Paulista e a engorda das praias.

Depois da audiência, a próxima etapa será o licenciamento prévio das obras, o que possibitará a abertura da licitação do projeto executivo. Esse detalhará os serviços. A audiência, além de pré-requisito legal do projeto, é um momento para receber propostas. “Elas podem ser encaminhadas até 10 dias a partir da audiência”, explicou o presidente da CPRH, Hélio Gurgel.

SAIBA MAIS


Recuperação da orla marítima

Praias
19 praias serão recuperadas
3 em Jaboatão dos Guararapes: Piedade, Candeias e Barra de Jangada
3 no Recife: Boa Viagem, Pina e Brasília Teimosa
7 em Olinda: Milagres, Carmo, São Francisco, Farol, Bairro Novo, Casa Caiada e Rio Doce
6 em Paulista: Praia de Enseadinha, Janga, Pau Amarelo, Nossa Senhora do Ó, Conceição e Maria Farinha

Extensão
48,1 km de praia serão recuperados
7,9 km em Jaboatão dos Guararapes
13,4 km no Recife
12,3 km em Olinda
14,5 em Paulista

Investimento
R$ 336.197.122,79 será o custo total da obra
R$ 41.805.950,43 para Jaboatão dos Guararapes
R$ 53.021.973,43 para Recife
R$ 116.963.377,00 para Olinda
R$ 124.405.821,93 para Paulista

Areia

7.650.302 m3 de areia serão empregados para regenerar as praias
877.500 m3 para Jaboatão dos Guararapes
1.170.000 m3 para o Recife
2.560.727 m3 para Olinda
3.042.135 m3 para Paulista

Impactos
47 impactos serão provocados pela obra do avanço do mar
11 no meio físico
9 no meio biótico
27 no meio socioeconômico

Impactos físicos
1. Aumento da oferta da praia
2. Propagação da linha de costa
3. Aumento de processos erosivos
4. Alteração da qualidade da água
5. Aumento do nível de ruídos e vibrações

Impactos bióticos
1. Perda da área de alimentação/reprodução de espécies
2. Interrupção dea migração de espécies
3. Perda da diversidade biológica
4. Destruição de ninhos de tartarugas marinhas
5. Perda de biodiversidade e das características das comunidades vegetais

Impactos socioeconômicos
1. Aumento do número de clientes que resultarão em elevação de receita de todos os empreendimentos: quiosques, bares, ambulantes, hotéis e restaurantes
2. Diminuição da produção pesqueira
3. Possibilidade de aumento nos ataques de tubarão
4. Aumento das receitas municipais
5. Valorização imobiliária do entorno


Fonte: Diario de Pernambuco

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