A recuperação da Praia da Armação fica no empurra-empurra
Prefeitura de Florianópolis corre o risco de perder verba de Brasília para obra de revitalização da orla da praia.
Os R$ 13 milhões que teriam sido empenhados pelo governo federal em dezembro do ano passado ainda não foram liberados. Município culpa a burocracia do Ministério da Integração e, este sugere que faltam documentos necessários ao repasse do dinheiro.
Não há previsão de quando serão retiradas as pedras no caminho de quem passa pela Praia da Armação, no Sul da Ilha. A verba necessária para a recuperação da praia, atingida pelo avanço do mar, foi solicitada ao governo federal por meio do Ministério da Integração (MI), mas nada foi liberado até agora. Enquanto isso, moradores e visitantes encontram uma praia com pouca faixa de areia e um muro de contenção de mais de um quilômetro, construído depois de uma grande ressaca, em 2010.
Da verba federal, R$ 13 milhões teriam sido garantidos em dezembro de 2011, pela assinatura de um empenho, com base em uma emenda parlamentar. Outros R$ 3 milhões seriam garantidos por uma contrapartida da prefeitura de Florianópolis. O município atribui a demora na firmação do convênio à burocracia do MI. Já a pasta, informa que quando o projeto está em análise, o que pode ser o caso do plano de recuperação do balneário da Capital, é porque se aguarda o envio de documentos por parte dos gestores municipais do projeto.
O secretário de Obras da Capital, Luiz Américo Medeiros, explica que teve de enviar novos documentos, por solicitação do MI, três ou quatro vezes. Segundo o secretário, esse “trabalho de vai e vem” faz parte de todas as tramitações, mas admite que a demora no processo pode fazer o município perder a verba.
– Há este risco, mas a demora não é da prefeitura. Estamos em contato com Brasília todo o tempo para não perder o dinheiro – afirma Luiz Américo.
Durante uma semana, a reportagem solicitou informações em Brasília. O convênio ainda não foi firmado com nenhuma secretaria do órgão. A possibilidade levantada pelo ministério – e não comprovada até ontem – é de que o projeto estaria em análise, aguardando documentações que faltam.
O presidente da Associação de Pescadores da Armação, Fernando Luiz Sabino, acredita que falta “seriedade e sentido de urgência” da prefeitura.
Ele diz ter sido informado pelo MI, há duas semanas, da falta de documentação no processo.
(Por Gabrielle Bittelbrun, DC, 15/02/2012)
Estudo do impacto ambiental é necessário
Assim que a novela da liberação da verba federal terminar, deve ser lançado o edital para a contratação da empresa que fará o estudo para o plano definitivo de recuperação, considerando-se os impactos ambientais. Só depois, então, começariam as obras.
Para a recuperação, estão previstas várias intervenções (veja arte). Uma delas é a drenagem na Praia da Armação e no Rio Quincas Antônio. Com isso, podem ser recuperados 50 metros de areia, que ficarão até o topo do muro de contenção construído no local.
Para evitar um novo encurtamento da praia, a areia seria contida com um sistema de geotubos. São previstos também investimentos na revitalização da praia, com paisagismo, construção de passeios, ciclovias e praças.
Ainda não há cronograma para as obras, segundo Luiz Américo. Caso os recursos federais não sejam liberados em fevereiro, a prefeitura promete adotar medidas emergenciais para melhorar as condições de acesso ao balneário.
– Sabemos que não ficou bom como a gente queria, houve falhas. Mas tivemos que fazer o muro de contenção do dia para a noite – explica o secretário.
O projeto para a orla da Armação foi encaminhado a Brasília em 2001. Mas os estragos da ressaca em 2010 deram origem a uma emenda parlamentar, de autoria da atual ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
(DC, 15/02/2012)
Moradores cobram providências imediatas
Aldo Correia de Souza bem que gostaria que as obras para a recuperação da Praia da Armação avançassem tanto quanto o mar avançou no balneário onde ele nasceu e mora há 71 anos. Além da tristeza pelo encurtamento da praia, a força do mar faz com que, de vez em quando, ele e outros pescadores tenham que levar as embarcações para a Barra da Lagoa ou para o Matadeiro.
O pescador testemunhou a diminuição da faixa de areia no decorrer dos anos. Em maio de 2010, a última grande ressaca transformou de vez a praia, levando cerca de 30 metros de areia e prejudicando a estrutura de 31 casas na região. A fim de conter a ação do mar, a prefeitura ergueu um muro de contenção no valor de R$ 10 milhões, concedidos pelo Ministério da Integração.
Na época, já se anunciou a revitalização do local, que ainda não foi feita. A secretária do Conselho Comunitário da Armação, Cleia Borges da Silva, concorda que a situação da praia está insustentável e pede por providências.
– Se eles não conseguem fazer obras de alargamento da areia, poderiam pelo menos colocar iluminação, melhorar o acesso à praia, é tanto pedregulho, mal dá para andar.
Para Aldo, a situação da Armação pode ser resumida com uma antiga metáfora de pescador.
– Na briga de pedra com mar, quem sofre é o marisco – afirma.
(DC, 15/02/2012)
Comerciante amarga prejuízo
A ressaca de 2010 na Praia da Armação também reduziu a quantidade de visitantes na região, segundo os comerciantes. O proprietário de uma sorveteria, Celso Farrapo, de 49 anos, diz que este é o pior ano de vendas na temporada.
– No ano passado ainda tinha gente que não sabia da ressaca e vinha para cá. Este foi o meu pior ano aqui – lamenta ele, que tem o estabelecimento há seis anos.
Ele destaca que houve queda de 50% nas vendas e que a maior parte dos turistas fica pouco tempo na praia, e segue para pegar o barco para a Ilha do Campeche ou para a Praia do Matadeiro, que fica ao lado.
A vendedora de uma loja de suvenires, Patricia Aro, conta que ainda conseguiu atrair clientes devido ao “turismo de tragédia”.
– Eles vieram para ver como está a praia que sofreu com a ressaca, o que a prefeitura fez – conta.
A moradora Roberta Costa, de 31 anos, diz que, neste verão, pela diminuição do movimento, há poucas opções de comércio. Ela percorre todo o 1,7 quilômetro de extensão do muro de contenção para aproveitar a praia com a filha Laura, de três anos, e conta que muitos estabelecimentos fecharam.
– Depois da ressaca, fecharam quiosques e bares, está vazio.
(DC, 15/02/2012)
Restam poucos turistas fiéis
Muitos turistas não se animam em passar o dia na Praia da Armação depois que a faixa de areia quase sumiu, como ressalta Darci Vieira. Ele, que presta informações turísticas, reclama que os visitantes que chegam vão logo embora.
– Os turistas chegam ao centrinho, veem que quase não tem areia e vão embora. Seguem para o Matadeiro, para a Ilha do Campeche, e não ficam aqui – lamenta.
Ele conta que em dias de maré alta, os trechos de areia desaparecem, dificultando ainda mais a vida de quem vive do turismo.
Mas há visitantes que ainda têm a Armação entre os balneários preferidos. Há cinco anos, o enfermeiro argentino Pablo Orlandis opta por passar as férias na região. Ele diz que era melhor quando tinha mais areia, mas não abre mão do local.
– Gosto de olhar a paisagem, de pescar aqui – conta.
A família do gaúcho Nelson Alves Pereira, de 58 anos, também não desistiu da praia e encontrou um espaço para tomar sol. Eles alugaram uma casa, em frente ao muro de contenção, que tem uma grande varanda de lazer.
– Para tomar sol a gente fica por aqui mesmo. Quando queremos tomar banho, vamos ali para o cantinho da praia – explica Nelson.
(DC, 15/02/2012)
Os R$ 13 milhões que teriam sido empenhados pelo governo federal em dezembro do ano passado ainda não foram liberados. Município culpa a burocracia do Ministério da Integração e, este sugere que faltam documentos necessários ao repasse do dinheiro.
Não há previsão de quando serão retiradas as pedras no caminho de quem passa pela Praia da Armação, no Sul da Ilha. A verba necessária para a recuperação da praia, atingida pelo avanço do mar, foi solicitada ao governo federal por meio do Ministério da Integração (MI), mas nada foi liberado até agora. Enquanto isso, moradores e visitantes encontram uma praia com pouca faixa de areia e um muro de contenção de mais de um quilômetro, construído depois de uma grande ressaca, em 2010.
Da verba federal, R$ 13 milhões teriam sido garantidos em dezembro de 2011, pela assinatura de um empenho, com base em uma emenda parlamentar. Outros R$ 3 milhões seriam garantidos por uma contrapartida da prefeitura de Florianópolis. O município atribui a demora na firmação do convênio à burocracia do MI. Já a pasta, informa que quando o projeto está em análise, o que pode ser o caso do plano de recuperação do balneário da Capital, é porque se aguarda o envio de documentos por parte dos gestores municipais do projeto.
O secretário de Obras da Capital, Luiz Américo Medeiros, explica que teve de enviar novos documentos, por solicitação do MI, três ou quatro vezes. Segundo o secretário, esse “trabalho de vai e vem” faz parte de todas as tramitações, mas admite que a demora no processo pode fazer o município perder a verba.
– Há este risco, mas a demora não é da prefeitura. Estamos em contato com Brasília todo o tempo para não perder o dinheiro – afirma Luiz Américo.
Durante uma semana, a reportagem solicitou informações em Brasília. O convênio ainda não foi firmado com nenhuma secretaria do órgão. A possibilidade levantada pelo ministério – e não comprovada até ontem – é de que o projeto estaria em análise, aguardando documentações que faltam.
O presidente da Associação de Pescadores da Armação, Fernando Luiz Sabino, acredita que falta “seriedade e sentido de urgência” da prefeitura.
Ele diz ter sido informado pelo MI, há duas semanas, da falta de documentação no processo.
(Por Gabrielle Bittelbrun, DC, 15/02/2012)
Estudo do impacto ambiental é necessário
Assim que a novela da liberação da verba federal terminar, deve ser lançado o edital para a contratação da empresa que fará o estudo para o plano definitivo de recuperação, considerando-se os impactos ambientais. Só depois, então, começariam as obras.
Para a recuperação, estão previstas várias intervenções (veja arte). Uma delas é a drenagem na Praia da Armação e no Rio Quincas Antônio. Com isso, podem ser recuperados 50 metros de areia, que ficarão até o topo do muro de contenção construído no local.
Para evitar um novo encurtamento da praia, a areia seria contida com um sistema de geotubos. São previstos também investimentos na revitalização da praia, com paisagismo, construção de passeios, ciclovias e praças.
Ainda não há cronograma para as obras, segundo Luiz Américo. Caso os recursos federais não sejam liberados em fevereiro, a prefeitura promete adotar medidas emergenciais para melhorar as condições de acesso ao balneário.
– Sabemos que não ficou bom como a gente queria, houve falhas. Mas tivemos que fazer o muro de contenção do dia para a noite – explica o secretário.
O projeto para a orla da Armação foi encaminhado a Brasília em 2001. Mas os estragos da ressaca em 2010 deram origem a uma emenda parlamentar, de autoria da atual ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
(DC, 15/02/2012)
Moradores cobram providências imediatas
Aldo Correia de Souza bem que gostaria que as obras para a recuperação da Praia da Armação avançassem tanto quanto o mar avançou no balneário onde ele nasceu e mora há 71 anos. Além da tristeza pelo encurtamento da praia, a força do mar faz com que, de vez em quando, ele e outros pescadores tenham que levar as embarcações para a Barra da Lagoa ou para o Matadeiro.
O pescador testemunhou a diminuição da faixa de areia no decorrer dos anos. Em maio de 2010, a última grande ressaca transformou de vez a praia, levando cerca de 30 metros de areia e prejudicando a estrutura de 31 casas na região. A fim de conter a ação do mar, a prefeitura ergueu um muro de contenção no valor de R$ 10 milhões, concedidos pelo Ministério da Integração.
Na época, já se anunciou a revitalização do local, que ainda não foi feita. A secretária do Conselho Comunitário da Armação, Cleia Borges da Silva, concorda que a situação da praia está insustentável e pede por providências.
– Se eles não conseguem fazer obras de alargamento da areia, poderiam pelo menos colocar iluminação, melhorar o acesso à praia, é tanto pedregulho, mal dá para andar.
Para Aldo, a situação da Armação pode ser resumida com uma antiga metáfora de pescador.
– Na briga de pedra com mar, quem sofre é o marisco – afirma.
(DC, 15/02/2012)
Comerciante amarga prejuízo
A ressaca de 2010 na Praia da Armação também reduziu a quantidade de visitantes na região, segundo os comerciantes. O proprietário de uma sorveteria, Celso Farrapo, de 49 anos, diz que este é o pior ano de vendas na temporada.
– No ano passado ainda tinha gente que não sabia da ressaca e vinha para cá. Este foi o meu pior ano aqui – lamenta ele, que tem o estabelecimento há seis anos.
Ele destaca que houve queda de 50% nas vendas e que a maior parte dos turistas fica pouco tempo na praia, e segue para pegar o barco para a Ilha do Campeche ou para a Praia do Matadeiro, que fica ao lado.
A vendedora de uma loja de suvenires, Patricia Aro, conta que ainda conseguiu atrair clientes devido ao “turismo de tragédia”.
– Eles vieram para ver como está a praia que sofreu com a ressaca, o que a prefeitura fez – conta.
A moradora Roberta Costa, de 31 anos, diz que, neste verão, pela diminuição do movimento, há poucas opções de comércio. Ela percorre todo o 1,7 quilômetro de extensão do muro de contenção para aproveitar a praia com a filha Laura, de três anos, e conta que muitos estabelecimentos fecharam.
– Depois da ressaca, fecharam quiosques e bares, está vazio.
(DC, 15/02/2012)
Restam poucos turistas fiéis
Muitos turistas não se animam em passar o dia na Praia da Armação depois que a faixa de areia quase sumiu, como ressalta Darci Vieira. Ele, que presta informações turísticas, reclama que os visitantes que chegam vão logo embora.
– Os turistas chegam ao centrinho, veem que quase não tem areia e vão embora. Seguem para o Matadeiro, para a Ilha do Campeche, e não ficam aqui – lamenta.
Ele conta que em dias de maré alta, os trechos de areia desaparecem, dificultando ainda mais a vida de quem vive do turismo.
Mas há visitantes que ainda têm a Armação entre os balneários preferidos. Há cinco anos, o enfermeiro argentino Pablo Orlandis opta por passar as férias na região. Ele diz que era melhor quando tinha mais areia, mas não abre mão do local.
– Gosto de olhar a paisagem, de pescar aqui – conta.
A família do gaúcho Nelson Alves Pereira, de 58 anos, também não desistiu da praia e encontrou um espaço para tomar sol. Eles alugaram uma casa, em frente ao muro de contenção, que tem uma grande varanda de lazer.
– Para tomar sol a gente fica por aqui mesmo. Quando queremos tomar banho, vamos ali para o cantinho da praia – explica Nelson.
(DC, 15/02/2012)
Fonte: http://floripamanha.org
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