400 milhões de euros para combater erosão costeira

São necessários 400 milhões de euros para terminar as intervenções de defesa costeira e de requalificação urbana em zonas do Litoral que estão expostas à acção erosiva provocada pelo mar.

Imagem da Foz do Arelho, Caldas da Rainha, onde é visível a erosão com o passar dos anos. Na frente de mar, a praia já perdeu cerca de dez metros. | Foto: Carlos Barroso

O Plano de Acção para o Litoral previa que fossem gastos, até final do próximo ano, 484 milhões de euros, contudo, segundo avançou ao CM o secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território, Pedro Afonso de Paulo, já se realizaram obras no valor de 84 milhões desde 2007. Cerca de 8% desse valor refere-se a intervenções de defesa costeira, e o restante a requalificações urbanas.
A área sob erosão é de 2305 quilómetros quadrados, ou seja, uma dimensão semelhante ao distrito do Porto, o que representa 3% do território nacional, de acordo com os últimos dados do projecto europeu Eurosion.

Neste território, onde são necessárias intervenções urgentes, vivem 1,3 milhões de habitantes.

Por regiões, Lisboa e Vale do Tejo é a mais afectada, com 7% do território ameaçado. O Algarve ocupa o segundo posto com 6%, seguindo-se em terceiro lugar o Centro com 3%. Norte e Alentejo têm sob séria ameaça de erosão um por cento dos seus territórios.
O recuo da costa não é uniforme em todo o território nem constante ao longo do tempo. Hoje, as zonas mais atingidas estão a Norte, nos concelhos de Espinho, Ovar, Vagos e Ílhavo, onde o mar chega a avançar nove metros a cada ano, revela o Instituto da Água - INAG.

CAPARICA TEME MARÉS VIVAS POR FALTA DE AREIA

O presidente da junta de Freguesia da Costa da Caparica, António Neves, acusa o Instituto da Água (INAG) de não ter colocado no último ano um milhão de metros cúbicos de areia nas praias e teme o avanço do mar com as marés vivas. Recorde-se que também em 2010 as praias da Caparica não foram alimentadas por areia, por as autoridades não considerarem necessário. Diferente foi a situação entre 2003 e 2009, em que, após o mar ter galgado o cordão dunar, foram investidos na reparação do paredão e na alimentação artificial das praias 22 milhões de euros.

"PREPARADOS PARA ACÇÕES URGENTES: Orlando BorgesPresidente do INAG

Correio da Manhã - Quais as zonas da costa que necessitam de intervenções urgentes?

Orlando Borges - Estamos preparados para realizar acções urgentes em qualquer parte do território. Recentemente foi concluído o trabalho no concelho de Vagos, e também em Mira as obras estão prestes a ficar concluídas.

- O combate à erosão costeira é um dos maiores encargos financeiros do INAG?

- Sim. A acção erosiva na costa obriga ao maior esforço financeiro do instituto, mas as obras em execução não são todas da nossa responsabilidade. Há também autarquias e outros organismos envolvidos.

- Há risco para pessoas e bens na Costa da Caparica?

- Esse problema não se coloca. É uma das zonas monitorizadas, pelo que estamos permanentemente a acompanhar a evolução na Costa da Caparica. A exemplo do resto do País, a prioridade é evitar que o mar provoque danos nas populações.

FURADOURO É A PRAIA MAIS AMEAÇADA

O secretário de Estado do Ambiente, Pedro Afonso de Paulo, já tem na sua mesa de trabalho um extenso relatório sobre os principais problemas de erosão costeira do Norte do País, com particular destaque para as praias do Furadouro, em Ovar, de Espinho, e Moledo, no concelho de Caminha.

A praia do Furadouro é mesmo a que mais areal tem perdido, tendo recuado cerca de nove metros no ano de 2010, segundo dados recolhidos pelo pelouro do Ambiente da Câmara Municipal de Ovar.

Em Espinho, a perda de areal é mais lenta, mas é cada vez mais frequente, e no Inverno a inundação de ruas da cidade por água do mar é algo que está a preocupar a autarquia.

Já em Moledo, os dados apontam para um recuo da linha de costa de cerca de 30 metros nos últimos dez anos.

Em Novembro, as marés destruíram parte da Duna do Moinho, a última barreira natural, o que levou a Câmara de Caminha a solicitar intervenção urgente do Governo.

Assim, ficou decidido avançar, no mês que vem, com uma obra de defesa e restauro do cordão dunar e protecção do Moinho de Moledo, orçada em 415 mil euros. Obra que deve estar concluída em Junho.

Por João Saramago
Fonte: Correio da Manhã - Portugal

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