Arquipélago de Bazaruto: Mar avança e engole paraísos - Moçambique.


A BELEZA do Arquipélago do Bazaruto, em Inhambane, está ameaçada. Tal como ameaçados estão o potencial turístico e a sobrevivência da população. A situação é grave. 
Maputo, Moçambique - Só nos últimos sete a 10 anos, as águas do mar terão avançado cerca de 20 metros costa adentro, de acordo com dados recolhidos no local, baseados em estudos científicos. Três fenómenos naturais são apontados como prováveis razões: o aquecimento à global, que provoca a subida do nível das águas do mar, com consequências locais; os constantes ciclones que periodicamente fustigam aquela região, onde nalguns pontos ainda são visíveis os efeitos do “Favio” que em 2007 arrasou Vilankulo e Inhassoro; e ainda as chuvas diluvianas do ano 2000. 
À acção destes fenómenos no arquipélago, Luís dos Santos Namanha, administrador do Parque Nacional do Bazaruto, prefere caracterizá-la como “os efeitos mais visíveis das mudanças climáticas em Moçambique”.

Proclamado em 1971 e estendido em 2001, o Parque Nacional do Arquipélago do Bazaruto, único marinho, cobre uma área de 1.430 quilómetros quadrados e incorpora as cinco ilhas que formam o Arquipélago do Bazaruto, nomeadamente Bangué, Magaruque, Benguerua, Santa Carolina e Bazaruto. Estas ilhas encontram-se a cerca de 30 a 35 quilómetros da costa.

A vegetação, em quase todas estas ilhas, tende a degradar-se, com maior enfoque para a zona que tem proximidade com o mar. E a zona firme está a ficar destruída, isto é,literalmente engolida. As águas do mar galgam a zona insular e destroem a vegetação que se encontra ao longo da linha da orla, propiciando, ao mesmo tempo, a erosão que é assustadora.

Agora se receia que a pressão que o mar exerce sobre a zona costeira possa causar a divisão das ilhas. E nalgumas, como Bazaruto, as fendas que se vão abrindo nas dunas são bastante visíveis, para além de que, em muitos pontos, as águas já invadiram espaços residenciais dos ilhéus.

A ilha do Bazaruto, que é a maior do arquipélago, a maré sobe a um ritmo vertiginoso. E, esta ilha tem a facilidade de ter acesso à praia relativamente a outras ilhas porque quase todas estão viradas para a baía, que tem o problema de ter uma grande variação da maré, sendo ora baixa ora alta. E quando a maré é baixa quase que nunca existe praia à frente das estâncias, tendo os banhistas que recorrer ao oceano.

Na Ilha de Magaruque, as águas rebentaram a barreira de protecção e atingiram uma boa parte da zona insular e ameaçam impedir a passagem para o acampamento dos pescadores, onde os transportadores de mergulhadores desembarcam.

Esta ilha está seriamente afectada pela erosão costeira. E, expandindo-se, as águas vão aluindo dunas. As areias são bastante frágeis e movem-se constantemente em direcção ao mar. Dezenas de árvores estão atiradas ao mar e sobre as areias da praia. As raízes a descoberto. Cenário de tristeza que contraria a limpidez das águas cristalinas.
Luís Namanha
Luís Namanha
 Fonte: http://macua.blogs.com

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