Aproveitem! O fim está próximo
Quando estive no último Intercom – o maior congresso brasileiro de Comunicação – em setembro, optei por me hospedar num hotel de Jaboatão dos Guararapes (foto), município integrante da região metropolitana de Recife. Embora distante do centro, o hotel oferecia valor bastante acessível tendo em vista sua estrutura.
Lá vim a saber que a redução nas tarifas caiu consideravelmente nos últimos anos por causa do aumento do nível do mar. O hotel, que já foi um dos mais cobiçados por causa da praia em frente, hoje está praticamente dentro do mar e, a considerar as previsões mais recentes, corre risco de desaparecer, assim como parte considerável das cidades litorâneas no Brasil e no mundo.
A catástrofe anunciada já foi deveras comentada, mas nos últimos anos parece que o debate esfriou um pouco. O mesmo, porém, não vem acontecendo com a fúria oceânica. Recentemente, vimos os estragos feitos por uma ressaca em Barra Velha e Piçarras, aqui em Santa Catarina. No Estado, embora a cautela das autoridades para não fazer alarde e afugentar os turistas, há praias que praticamente estão deixando de existir ou oferecer condições de banho por causa do fenômeno. Em boa parte do litoral, já é impossível ficar na praia à tarde, porque o avanço do mar toma conta da faixa de areia e afugenta os banhistas.
Lembro quando, questão de 20 anos atrás, acompanhado pelo colega jornalista Jean Carlos Souza, colunista deste clube, estive fazendo reportagem para O Jornal sobre os principais destinos da população oestina no verão. Na ocasião, concentramo-nos na região de Balneário Camboriú, Meia Praia, Bombas, Bombinhas, Canto Grande. Naquela época, a faixa de areia era enorme em qualquer hora do dia e ninguém falava no risco de um dia as praias desaparecerem.
Ao longo dos anos, porém, o mar veio exibindo sua fúria, e pude constatar que, gradativamente, a cada ano, a faixa de areia é menor, o que representa uma séria ameaça ao nosso litoral e mesmo às cidades litorâneas. Santa Catarina, ao lado do Rio de Janeiro, Baixada Santista e Recife, está entre as regiões mais ameaçadas pelo fenômeno.
O município de Itapoá (SC), por exemplo, usando de estudo e simulação da Universidade do Arizona (EUA), prevê, até 2100, o desaparecimento de boa parte da cidade.
O “privilégio”, entretanto, não é só brasileiro. Nos Estados Unidos, Califórnia, Golfo do México e Flórida estão seriamente ameaçados. A badaladíssima cidade de Miami é uma das que seriam cobertas pela água.
Para remediar os estragos, diques e proteções de pedra vão sendo erguidos no litoral, em todos os países. Mas são medidas paliativas. Mesmo com a redução dos níveis de gás que provocam o aquecimento global, não há mais muito o que fazer para conter o avanço do mar. O fim de muitas praias, definitivamente, está próximo.
Portanto, aproveitem! A hora é agora.
Abaixo, ofereço a compilação de trechos de matérias publicadas nos últimos meses sobre o assunto:
“Há alguns meses atrás tive a oportunidade de visitar duas regiões por mim já conhecidas, uma no litoral sul e outra no litoral norte do estado do Espírito Santo. Fiquei chocado com o que vi. O nível do mar subiu absurdamente nos últimos cinco ou seis anos, desde a minha visita anterior. (...) observei estradas, residências, hotéis e pousadas, todos à beira mar, sendo consumidas pela força das marés, que, ao meu ver, estariam ganhando força ao longo do tempo.”
“O aumento do nível do mar pode ameaçar 9% do território das principais cidades costeiras dos EUA até 2100. De acordo com estudo que será publicado no periódico americano Climatic Change Letters, o Golfo do México e a região do estado da Flórida, no sul dos EUA seriam as áreas mais afetadas. (...) Na pior das hipóteses, cerca de um terço das cidades desapareceria.”
“As autoridades de Kiribati, arquipélago do Oceano Pacífico formado por 33 atóis e uma ilha de coral, estão conscientizado sua população para que aceitem que, nas próximas décadas, terão que fugir do país devido ao aumento do nível do mar. "A estimativa é que, em um período de 50 anos, as ilhas podem desaparecer, mas já começamos a sentir o fenômeno."
“Quem nunca ouviu falar de Malibu, Carpinteria ou alguma outra praia icônica da Califórnia? A triste notícia é que elas podem estar com seus dias contados. Um novo estudo acaba de revelar que até o final do século o aumento do nível do mar provocado pelo aquecimento global poderá cobri-las, juntamente com os milhões de dólares que elas geram ao país por meio do turismo. Além das praias já citadas, podemos incluir também Ocean Beach em San Francisco e Torrey Pines em San Diego.”
“A mudança climática poderá submergir nas próximas duas décadas 18 mil quilômetros quadrados do território da China pela ascensão do nível do mar, algo que põe em perigo muitas usinas nucleares do país, construídas exatamente em áreas litorâneas.”
“Um grupo de pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, conseguiu reconstituir a elevação do nível do mar desde o nascimento de Cristo. Segundo o estudo, o mar ganhou terreno mais rápido no último século do que em qualquer outro período dos últimos dois milênios.”
MAR AVANÇA NA COSTA BRASILEIRA
“RECIFE ESTÁ ENTRE AS REGIÕES MAIS AMEAÇADAS PELO AVANÇO DO MAR”
“Um estudo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) analisou todo o litoral brasileiro e apontou as quatro regiões de maior risco de inundação no futuro com o aumento do nível do mar. São elas, o Recife, o Rio de Janeiro, Santa Catarina e a Baixada Santista. As projeções levaram em conta o aumento do nível do mar em 50 centímetros e em um metro. O Recife aparece na posição mais desfavorável nas duas opções. O resultado é preocupante. No caso de um aumento do nível do mar em meio metro, cidades da região metropolitana teriam 40 quilômetros quadrados de área inundada. Na hipótese de um metro, a água chegaria a quase 54 quilômetros quadrados.”
Aumento do nível do mar até 2100 é ameaça para território itapoaense
Segundo estudo da Universidade do Arizona, as águas do mar podem subir cerca de um metro neste século, e dessa forma comprometer drasticamente os principais pontos urbanos de Itapoá. (...) O Diário de Itapoá utilizou a ferramenta desenvolvida pela Universidade do Arizona, e simulou como o território itapoaense seria afetado com o aumento do nível do mar até 2100. O resultado foi surpreendente, pois uma enorme área seria inundada, afetando os principais pontos urbanos atualmente existentes.” Veja o mapa: http://www.diariodeitapoa...itapoaense.html
Lá vim a saber que a redução nas tarifas caiu consideravelmente nos últimos anos por causa do aumento do nível do mar. O hotel, que já foi um dos mais cobiçados por causa da praia em frente, hoje está praticamente dentro do mar e, a considerar as previsões mais recentes, corre risco de desaparecer, assim como parte considerável das cidades litorâneas no Brasil e no mundo.
A catástrofe anunciada já foi deveras comentada, mas nos últimos anos parece que o debate esfriou um pouco. O mesmo, porém, não vem acontecendo com a fúria oceânica. Recentemente, vimos os estragos feitos por uma ressaca em Barra Velha e Piçarras, aqui em Santa Catarina. No Estado, embora a cautela das autoridades para não fazer alarde e afugentar os turistas, há praias que praticamente estão deixando de existir ou oferecer condições de banho por causa do fenômeno. Em boa parte do litoral, já é impossível ficar na praia à tarde, porque o avanço do mar toma conta da faixa de areia e afugenta os banhistas.
Lembro quando, questão de 20 anos atrás, acompanhado pelo colega jornalista Jean Carlos Souza, colunista deste clube, estive fazendo reportagem para O Jornal sobre os principais destinos da população oestina no verão. Na ocasião, concentramo-nos na região de Balneário Camboriú, Meia Praia, Bombas, Bombinhas, Canto Grande. Naquela época, a faixa de areia era enorme em qualquer hora do dia e ninguém falava no risco de um dia as praias desaparecerem.
Ao longo dos anos, porém, o mar veio exibindo sua fúria, e pude constatar que, gradativamente, a cada ano, a faixa de areia é menor, o que representa uma séria ameaça ao nosso litoral e mesmo às cidades litorâneas. Santa Catarina, ao lado do Rio de Janeiro, Baixada Santista e Recife, está entre as regiões mais ameaçadas pelo fenômeno.
O município de Itapoá (SC), por exemplo, usando de estudo e simulação da Universidade do Arizona (EUA), prevê, até 2100, o desaparecimento de boa parte da cidade.
O “privilégio”, entretanto, não é só brasileiro. Nos Estados Unidos, Califórnia, Golfo do México e Flórida estão seriamente ameaçados. A badaladíssima cidade de Miami é uma das que seriam cobertas pela água.
Para remediar os estragos, diques e proteções de pedra vão sendo erguidos no litoral, em todos os países. Mas são medidas paliativas. Mesmo com a redução dos níveis de gás que provocam o aquecimento global, não há mais muito o que fazer para conter o avanço do mar. O fim de muitas praias, definitivamente, está próximo.
Portanto, aproveitem! A hora é agora.
Abaixo, ofereço a compilação de trechos de matérias publicadas nos últimos meses sobre o assunto:
“Há alguns meses atrás tive a oportunidade de visitar duas regiões por mim já conhecidas, uma no litoral sul e outra no litoral norte do estado do Espírito Santo. Fiquei chocado com o que vi. O nível do mar subiu absurdamente nos últimos cinco ou seis anos, desde a minha visita anterior. (...) observei estradas, residências, hotéis e pousadas, todos à beira mar, sendo consumidas pela força das marés, que, ao meu ver, estariam ganhando força ao longo do tempo.”
“O aumento do nível do mar pode ameaçar 9% do território das principais cidades costeiras dos EUA até 2100. De acordo com estudo que será publicado no periódico americano Climatic Change Letters, o Golfo do México e a região do estado da Flórida, no sul dos EUA seriam as áreas mais afetadas. (...) Na pior das hipóteses, cerca de um terço das cidades desapareceria.”
“As autoridades de Kiribati, arquipélago do Oceano Pacífico formado por 33 atóis e uma ilha de coral, estão conscientizado sua população para que aceitem que, nas próximas décadas, terão que fugir do país devido ao aumento do nível do mar. "A estimativa é que, em um período de 50 anos, as ilhas podem desaparecer, mas já começamos a sentir o fenômeno."
“Quem nunca ouviu falar de Malibu, Carpinteria ou alguma outra praia icônica da Califórnia? A triste notícia é que elas podem estar com seus dias contados. Um novo estudo acaba de revelar que até o final do século o aumento do nível do mar provocado pelo aquecimento global poderá cobri-las, juntamente com os milhões de dólares que elas geram ao país por meio do turismo. Além das praias já citadas, podemos incluir também Ocean Beach em San Francisco e Torrey Pines em San Diego.”
“A mudança climática poderá submergir nas próximas duas décadas 18 mil quilômetros quadrados do território da China pela ascensão do nível do mar, algo que põe em perigo muitas usinas nucleares do país, construídas exatamente em áreas litorâneas.”
“Um grupo de pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, conseguiu reconstituir a elevação do nível do mar desde o nascimento de Cristo. Segundo o estudo, o mar ganhou terreno mais rápido no último século do que em qualquer outro período dos últimos dois milênios.”
MAR AVANÇA NA COSTA BRASILEIRA
“RECIFE ESTÁ ENTRE AS REGIÕES MAIS AMEAÇADAS PELO AVANÇO DO MAR”
“Um estudo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) analisou todo o litoral brasileiro e apontou as quatro regiões de maior risco de inundação no futuro com o aumento do nível do mar. São elas, o Recife, o Rio de Janeiro, Santa Catarina e a Baixada Santista. As projeções levaram em conta o aumento do nível do mar em 50 centímetros e em um metro. O Recife aparece na posição mais desfavorável nas duas opções. O resultado é preocupante. No caso de um aumento do nível do mar em meio metro, cidades da região metropolitana teriam 40 quilômetros quadrados de área inundada. Na hipótese de um metro, a água chegaria a quase 54 quilômetros quadrados.”
Aumento do nível do mar até 2100 é ameaça para território itapoaense
Segundo estudo da Universidade do Arizona, as águas do mar podem subir cerca de um metro neste século, e dessa forma comprometer drasticamente os principais pontos urbanos de Itapoá. (...) O Diário de Itapoá utilizou a ferramenta desenvolvida pela Universidade do Arizona, e simulou como o território itapoaense seria afetado com o aumento do nível do mar até 2100. O resultado foi surpreendente, pois uma enorme área seria inundada, afetando os principais pontos urbanos atualmente existentes.” Veja o mapa: http://www.diariodeitapoa...itapoaense.html
Por Leandro Ramires Comassetto
Fonte: www.clubedosblogeuiros.com.br
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