Erosão em Maracaípe (PE) afeta área de desova de tartarugas

Por causa da destruição da via que dá acesso ao balneário, motoristas usam faixa de areia para chegar ao pontal, prejudicando preservação de animais

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Foto: Voz do Leitor

Com a destruição da estrada que dá acesso à Praia de Maracaípe, em Ipojuca, no Grande Recife, provocada pela erosão costeira, a faixa de areia para desova de tartarugas marinhas está reduzida. Por causa da ausência da via, motoristas estão utilizando o trecho da orla para acessar o Pontal de Maracaípe.

A prática vem colocando em risco a preservação de quatro espécies de tartaruga que frequentam a costa do balneário para depositar os ovos. A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) é a espécie com o maior número de posturas no litoral do município.

"A temporada de desova começou dia 2 de novembro e estamos preocupados com o avanço do mar. Quando os visitantes vão de carro para o Pontal passam por cima dos ninhos", explicou o biólogo Túlio Ribeiro, da ONG Ecoassociados, responsável pela conservação das tartarugas marinhas.

O período em que as tartarugas fazem os ninhos coincide com a época em que mais visitantes frequentam a Praia de Maracaípe. "Nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, temos que redobrar os cuidados, porque as casas de veraneio estão cheias, além disso vem muita gente de fora que desconhece o trabalho de preservação", destacou o biólogo.

Outras três espécies põem os ovos no litoral de Ipojuca: cabeçuda (Caretta caretta), oliva (Lepidochelys olivacea) e verde (Chelonia mydas). Na última temporada, de setembro de 2010 a maio de 2011, foram registradas pela entidade 183 desovas.

De acordo com especialistas, uma das principais causas para os problemas da erosão costeira é a urbanização em uma área que deveria ser preservada. "A erosão não está maior. Tradicionalmente, o Litoral Sul é marcado por ondas de grande intensidade", pontuou o geólogo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Valdir Manso.

"O impacto parece maior, porque a região costeira está mais ocupada. O mar vai atrás da área que ele tem para espalhar sua energia. Com a alteração, reage e começa a remover areia da praia, provocando a erosão da costa", explicou Valdir, coordenador do Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha da UFPE.

Além dos problemas ambientais, moradores e comerciantes também se sentem prejudicados com o isolamento causado pela destruição da estrada de acesso à localidade. Com a queda do número de turistas, quem trabalha com o comércio começa a sentir o impacto no bolso.

O empresário Eduardo Fernandes possui há cinco anos um restaurante e uma pousada no pontal. Na última ressaca, no início do mês, teve 42 metros quadrados do restaurante levados pelo mar. "Este ano, não teve nada igual. Tive que recuar cinco metros e, mesmo assim, o mar avançou", contou. "Alertamos a prefeitura, fizemos um trabalho preventivo, mas nada foi feito. A solução é construir a estrada por trás, seguindo o mesmo modelo de Porto de Galinhas", frisou o empresário.

O secretário de Tecnologia e Meio Ambiente de Ipojuca, Erivelto Lacerda, disse que, após a ressaca do início do mês de novembro, a prefeitura do município decretou estado de emergência no território de Maracaípe. Segundo Erivelto, está sendo concluído nesta sexta (18) o serviço de topografia para viabilizar a reconstrução da estrada que dá acesso ao pontal. "Estamos trabalhando na parte que foi afetada e também na construção da nova estrada. Até o fim do ano, se não houver impasses com os proprietários dos terrenos, a estrada será entregue à população", assegurou.

Fonte: Do Jornal do Commercio - Publicado em 18/11/2011, às 08h36

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