Obras de contenção do Icaraí estão paradas.
Obras de contenção da erosão costeira de Icaraí estão paradas e a comunidade exige pressa para a conclusão
Caucaia. Há mais de uma semana parados, os serviços de contenção da erosão costeira têm causado apreensão nos moradores e comerciantes do Icaraí, em Caucaia. É que sem a conclusão da obra, pedras e entulhos deixam de ser removidos, impactando na estética local. A paralisação teve como principal causa o impasse para a derrubada de quatro barracas, que impedem a continuidade dos trabalhos.
Embora a Prefeitura de Caucaia afirme que as obras serão reiniciadas na próxima segunda, os comerciantes mantêm a preocupação pelo atraso no cronograma e moradores reclamam do lugar que continua com escombros e dificuldade de acesso. Os serviços estão com um atraso de 30 dias, pois deveriam ficar concluídos no dia 30 deste mês e agora a perspectiva é para o fim de agosto. O vice-prefeito, Paulo Guerra, disse que atrasos são normais em obras dessa natureza, em vista das oscilações de marés influenciarem no calendário do trabalho.
Com os efeitos da erosão, uma escada de pedra está inutilizada, o que inviabiliza subir ou descer para Praia de Iparana.
Contudo, Paulo Guerra disse que o principal entrave foi encontrar uma saída negociada com os barraqueiros remanescentes. Ao todo, são quatro barracas que resistiram à mudança para o outro lado da Avenida Litorânea e passaram a requerer uma indenização pelas benfeitorias realizadas. De acordo com Paulo Guerra, uma reunião realizada na manhã de terça-feira passada colocou um ponto final no impasse. Por meio de um acordo, que teve a chancela da Superintendência do Patrimônio da União (SPU) e da Marinha do Brasil, a administração municipal fará a cessão de uma área com direito de uso para os quatro proprietários.
Os terrenos ficam ao lado de outras barracas que também já foram transferidas para o novo espaço, que será padronizado em 100 metros quadrados para cada comerciante.
Pela demolição
"Chegamos a uma etapa da obra que só nos resta demolir as quatro barracas. Com essa reunião, temos a certeza de que não haverá mais impedimento para continuidade dos trabalhos", disse o vice-prefeito.
O proprietário da barraca Del Mar, Luis Francisco de Sousa, 59 anos, acha que o impasse somente causa prejuízo para o comércio e para os frequentadores daquele trecho do Litoral Oeste do Ceará. "A atual situação é de tristeza, porque as pessoas vão se afastando diante da imagem negativa que o Icaraí apresenta", afirma Luis Francisco. Ele disse ter ouvido a promessa de que os serviços seriam retomados a partir do próximo dia 8, mas tem prevalecido a indefinição.
Uma dessas dúvidas, conforme salienta, é sobre um trecho bem mais amplo que deveria ser contemplado com as intervenções de contenção da erosão marinha. O projeto inicial prevê barreiras horizontais numa faixa de 1.370 metros, mas o projeto da Prefeitura de Caucaia é que fosse extensivo desde Iparana até a Tabuba.
Recursos
Por enquanto, os recursos federais foram assegurados somente para os 1.370 metros do projeto inicial, que contempla uma longa faixa da Praia do Icaraí. Contudo, mesmo com essa extensão há dificuldades na conclusão porque ainda tem barracas que estão no meio das obras.
A balconista da barraca Peixe Frito, uma das mais antigas do lugar, Eunice do Nascimento, disse também concordar que não se podia sair sem receber nada, porque houve grandes investimentos dos comerciantes. "Aqui vivemos momentos de grande prosperidade. Antes contávamos com mais de 200 mesas e hoje não passamos de 60", disse Eunice.
Ela também concorda que se não sair pela vontade da Prefeitura de Caucaia, vão acabar sendo expulsos pela ação do mar sobre as edificações construídas à beira mar. "Nós chegamos a contar com mais de 3 mil clientes num fim de semana. Atualmente, estamos longe de atingir essa marca", ressalta.
ExemploPara o vice-prefeito, o modelo de contenção de erosão implantado no Icaraí é exemplar e tem sido elogiado por engenheiros de diferentes centros do País. As obras foram iniciadas em setembro do ano passado. O projeto é denominado "Bagwall", um dissipador de energia com cerca de 11 andares, que utiliza formas geotêxteis preenchidas com concreto em sua composição. As obras são feitas de acordo com as marés.
"Quando a maré está baixa os trabalhos são feitos dia e noite, mas quando ela sobe, os trabalhos são suspensos", explica o secretário de Comunicação da Prefeitura de Caucaia, José Solano Lopes. Para os serviços, foram assegurados recursos do Ministério da Integração Nacional, no valor de R$ 7,9 milhões, com contrapartida de 5% da Prefeitura de Caucaia. A administração também pretende requerer mais R$ 1 milhão para a construção de mais cerca de 400 metros.
PRAIAS VIZINHAS
Pacheco e Iparana querem benefícioCaucaia O lugar tem uma atmosfera de aconchego. A sombra das árvores faz um contraponto com a intensidade da luz solar. Porém, o que prepondera na paisagem é a imensidão do mar, que assim como tem de belo é impenetrável para meros banhistas. No universo de Pacheco e Iparana, onde as barracas resistem bravamente, o atrativo é exatamente o sossego ainda possível para quem busca o isolamento e a paz.
Esse mundo de tranquilidade é inútil se a finalidade de uma praia é a possibilidade dos seus banhos. Se a situação ainda é crítica no Icaraí, pior situação se encontram as praias vizinhas, também localizadas no Município de Caucaia, como Iparana e Pacheco. Como a construção de obras de contenção não beneficiaram esses trechos do Litoral Oeste, a população se ressente de um processo de degradação crescente, que se traduz por imóveis desvalorizados, estabelecimentos comerciais fechados e, principalmente, abandono dos banhistas.
O comerciante Francisco Ricardo Cavalcante Maciel, gerente da barraca Marimar, em Iparana, afirma que houve total esquecimento do poder público com relação àquela faixa praiana. Lembra que poucas iniciativas que foram feitas para conter a ação destrutiva do mar sobre as edificações estão sendo destruídas pela falta de manutenção. Exemplo disso, conforme mostra, é a escada de pedra que dá acesso da sua barraca à praia. Com os efeitos da erosão, o equipamento feito de pedra está inutilizado, o que inviabiliza subir ou descer para os minguados pedaços de praias, ainda possíveis, na maré baixa.
"Temos hotéis aqui que foram fechados, outros tiveram outra destinação, mas o problema maior é que o banhista se afastou daqui", lamenta Francisco Ricardo. Ele, assim como outros comerciantes, considera que deve haver mais empenho para conter a degradação local. Alguns donos de barraca recuaram cerca de 100 metros e nem assim deixou de ser atingido pelas marés. Também com uma barraca em Iparana, Francisco da Silva Moreira, 48 anos, reclama que a ação vem sendo desenvolvida somente no Icaraí, negligenciado as praias vizinhas e que são as mais sofridas com a degradação ambiental.
Em Iparana, há uma década, um extenso paredão de pedra foi construído no entorno do Sesc, o que evitou que as águas marinhas avançassem sobre as edificações. Segundo informou o vice-prefeito de Caucaia, Paulo Guerra, a determinação do Município é estender o benefício em execução no Icaraí para as praias vizinhas. Em outra fase, a ideia é negociar com o Ministério da Integração Nacional recursos para uma obra que atinja 6.000 metros da orla de Caucaia, o que iria abranger desde Iparana até a Tabuba.
MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura de Caucaia
Rua Engenheiro João Alfredo, 100
Centro - Telefone: 3387.8200 / 8201
http://www.caucaia.ce.gov.br/
Marcus Peixoto - Repórter
Publicado no Diário do Nordeste em 28 de julho de 2011 http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1017436
Esse mundo de tranquilidade é inútil se a finalidade de uma praia é a possibilidade dos seus banhos. Se a situação ainda é crítica no Icaraí, pior situação se encontram as praias vizinhas, também localizadas no Município de Caucaia, como Iparana e Pacheco. Como a construção de obras de contenção não beneficiaram esses trechos do Litoral Oeste, a população se ressente de um processo de degradação crescente, que se traduz por imóveis desvalorizados, estabelecimentos comerciais fechados e, principalmente, abandono dos banhistas.
O comerciante Francisco Ricardo Cavalcante Maciel, gerente da barraca Marimar, em Iparana, afirma que houve total esquecimento do poder público com relação àquela faixa praiana. Lembra que poucas iniciativas que foram feitas para conter a ação destrutiva do mar sobre as edificações estão sendo destruídas pela falta de manutenção. Exemplo disso, conforme mostra, é a escada de pedra que dá acesso da sua barraca à praia. Com os efeitos da erosão, o equipamento feito de pedra está inutilizado, o que inviabiliza subir ou descer para os minguados pedaços de praias, ainda possíveis, na maré baixa.
"Temos hotéis aqui que foram fechados, outros tiveram outra destinação, mas o problema maior é que o banhista se afastou daqui", lamenta Francisco Ricardo. Ele, assim como outros comerciantes, considera que deve haver mais empenho para conter a degradação local. Alguns donos de barraca recuaram cerca de 100 metros e nem assim deixou de ser atingido pelas marés. Também com uma barraca em Iparana, Francisco da Silva Moreira, 48 anos, reclama que a ação vem sendo desenvolvida somente no Icaraí, negligenciado as praias vizinhas e que são as mais sofridas com a degradação ambiental.
Em Iparana, há uma década, um extenso paredão de pedra foi construído no entorno do Sesc, o que evitou que as águas marinhas avançassem sobre as edificações. Segundo informou o vice-prefeito de Caucaia, Paulo Guerra, a determinação do Município é estender o benefício em execução no Icaraí para as praias vizinhas. Em outra fase, a ideia é negociar com o Ministério da Integração Nacional recursos para uma obra que atinja 6.000 metros da orla de Caucaia, o que iria abranger desde Iparana até a Tabuba.
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Rua Engenheiro João Alfredo, 100
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Marcus Peixoto - Repórter
Publicado no Diário do Nordeste em 28 de julho de 2011 http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1017436
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