Bagwall: uma alternativa eficaz


Caucaia (CE) - Na praia de Icaraí, no município de Caucaia, a 16  quilômentros de Fortaleza, no Ceará, uma nova forma de combater a erosão costeira já vem transformando a realidade local. Um cenário de destruição tomou conta de uma das principais praias da cidade de 324 mil habitantes, e inutilizou a área por quase 15 anos. As barracas que ficavam na beira-mar foram destruídas com o agravamento da erosão na costa e o antigo ponto turístico foi esquecido pela população que perdeu o acesso à praia. Como medida emergencial, foi feito o enrocamento na área, que consiste na colocação de pedras.

Alternativa auxiliou a conter o avanço, mas a praia ficou em desuso. Desde setembro de 2010, um novo modelo de contenção da erosão costeira foi adotado pela Prefeitura de Caucaia e já começou a devolver a praia de Icaraí aos cearenses e turistas. Em um quilômetro de extensão, 40 metros de areia em direção ao mar já foram restabelecidos naturalmente.O novo projeto é conhecido como Bagwall, um barra-mar dissipador de energia, de cerca de 11 andares, que utiliza formas geotêxteis preenchidas com concreto em sua composição.

A primeira experiência no Brasil aconteceu em agosto de 2003, no Estado de Alagoas. Hoje, praias alagoanas como Japaratinga, Marechal Deodoro e Ponta Verde já adotaram o sistema utilizado há mais de 50 anos nas praias da Costa Oeste Americana, a exemplo da Califórnia.“O objetivo da obra é recuperar a praia e conter o avanço do mar, sem transferir o processo erosivo para as áreas adjacentes.

A erosão costeira é um fenômeno natural e para cada área pode haver várias opções de solução. Um exemplo foi o povoado de Cabeço, em João Pessoa (Paraíba), que preferiu tirar a população e deixar o mar avançar. Mas quando temos o problema já instalado em uma área urbanizada precisamos de alguma intervenção para conter o processo erosivo sem retirar a população”, disse o engenheiro civil especialista em erosão costeira, responsável pela obra do Bagwall no Ceará, Marco Lyra. Analisando a Região Metropolitana do Recife (RMR), o engenheiro destaca um agravamento sofrido. “Aquela é a maior taxa de densidade demográfica litorânea do País, e ao mesmo tempo, tem o agravamento do processo de mudança climática.

No Estado, há a região semiárida ainda com tendência de desertificação, que leva a migração da população para o litoral. Então, de um lado temos essa migração para as cidades litorâneas e do outro o avanço do mar em direção à cidade”, frisou. Um dos problemas ressaltados pelo especialista nas costas litorâneas é o tipo de obra utilizada para a contenção do avanço do mar. “As cidades têm que ter muito cuidado e optar pela intervenção de obras menos impactantes. O que estamos fazendo (no Ceará) não são experimentações, são experiências, soluções que mais se aproximam da recuperação ecológica da praia. Quando se coloca pedra, aumenta o processo erosivo no local e transfere o problema para áreas vizinhas”, informou.

No sistema do Bagwall o aparelho é o obstáculo utilizado no local da costa, onde as ondas dissipam toda a energia. O concreto é utilizado para sustentar o impacto sem haver destruição. Quando há o encontro com o Bagwall a energia da onda se transforma e incide sobre a próxima onda, amortizando o fluxo de onda naquele local.

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